Dino de Alcântara
Ao retornar do Pará, depois de longos seis meses de trabalho, Apolinário, no alto de seus quase 50 anos, achou a esposa tão bonita e jeitosa, que tratou logo de fazer todos os seus desejos; dessa forma, no mesmo dia em que chegou, recebendo a incumbência de sua morena de 22 anos, tratou logo de resolver todas as pendências da casa.
Ela lhe preparou uma lista de coisas que precisava. Algumas eram urgentes, outras urgentíssimas e outras nem tanto.
Ela bem quis que ele anotasse, mas a pressa o impediu, dizendo que gravaria na cachola mesmo.
E ganhou a rua. Passou no armazém, passou na farmácia e ia se dirigindo para a casa de seu compadre marceneiro, quando o encontrou na rua.
– Oh, compadre! Bem que eu queria falar com o senhor mesmo.
– Diga, compadre, o que é?
Foi aí que os neurônios não atenderam ao chamado do pobre do Apolinário. Forçou, forçou, mas nada. Não lembrava do que a esposa Lucinha (esse era o nome da bela morena) tinha lhe dito sobre os serviços do marceneiro.
Nesse momento, passa por ali o Julinho, muito estimado pelo casal.
– Oh, Julinho!
– A bênção, meu padrinho!
– Deus te abençoe! Meu filho, vai correndo em casa saber o que a Lucinha quer com serviço do marceneiro. Ela me disse, mas não tem quem faça em meu lembrar do que era.
– É o estrado da cama, meu padrinho, que tá quebrado!”. Outro dia, ela quase cai. Tá rangendo como quê!