segunda-feira, 28 de abril de 2025

LEITURA TRANSVIADA

 Dino de Alcântara

 Teatrinho a Vapor

 


CONCITA – Professora da Escola Roseana Sarney.

DIEGO Aluno da primeira série do Ensino Médio.

KAROL – Aluna da primeira série do Ensino Médio.

 

Cenário: Sala de Aula Turma 101 da Escola Roseana Sarney. 

A cena passa-se em maio de 2024.

 

PRÓLOGO: A professora Concita (Conceição de Maria, mas todos a chamavam de Concita) dava aulas de Língua Portuguesa na Turma 101, falando sobre prefixos e sufixos que formam vocábulos derivados na língua de Zé Sarney. Uma das alunas, a Karol, detectou uma imagem no livro didático a expressão JUVENTUDE TRANSVIADA. E quis saber o que era TRANSVIADA.

 

KAROL –Professora, em JUVENTUDE TRANSVIADA, temos dois exemplos de palavras derivadas, não é?

CONCITA – Sim! Muito bem, Karol. Agora me diga... O que é transviada? É derivação prefixal ou sufixal?

(Diego, que na hora estava com os olhos grudados no vídeo de uma menina dançando numa sala de aula, levantou a cabeça e, diante da demora de Karol em dar a resposta, desferiu.)

DIEGO O que, pequena, tu não sabe o que é transviada?

CONCITA – Você sabe o que é, Diego?

DIEGO Sei. 

CONCITA – Então me diga o que é?

DIEGO Transviada é o viado que virou trans. 

                                      Imagem criada com auxílio da IA.

 

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A FACADA DE UM CRIMINOSO

  Dino de Alcântara

 O sujeito pega o celular e faz uma chamada de WhatsApp.

Alguém atende:

 – Alô?

– Doutor Mendes!

– Oi, Mário.

– Preciso do senhor.

– O que foi que aconteceu?

– Doutor, eu dei uma facada num cachorro!

– O que, rapaz? Você está louco? Dá uma facada num cachorro?

– Foi o jeito!

– Agora vai direto para Pedrinhas!


– Oh, siô, não diga isso!

– Mas é...

– Minha mãe disse para eu ir pra Pinheiro, passar uns dias lá.

– Não vai adiantar nada. Vão te achar e prender.

– Mas só até acabar o flagrante.

– Que flagrante nada! Para facada em cachorro não tem flagrante!

– E é? Não sabia!

– E como está o cachorro!

– Levaram ele pro Socorrão. Foi pouca coisa!

– Socorrão?! Como assim?

 

– Pois é... Não sei direito!

– Alguém filmou?

– Se filmou, não sei, mas muita gente viu!

– Então você está numa baita encrenca, meu filho!

– Mas, siô eu não matei ninguém!

– Mas feriu um animal! Isso é crime!

– Mas já já ele volta a trabalhar!

– Trabalhar?

– Pois é.

– Meu filho, de quem você está falando?

– Do homem que eu dei a facada!

– Ah, foi num homem?

– Foi. Em quem o senhor pensava?

– Num cão!

– Não, siô. E eu lá ia dar uma facada num animal? Que nada! Dei foi num ordinário aqui do bairro.

– Ah!... Então a coisa muda de figura!

– E aí, como se faz?

– Faz o seguinte! Fuja do flagrante! Vamos entrar com a legítima defesa! 


 

 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

O QUE SE CALÇA?

 Dino de Alcântara 

Imagem criada com auxílio da I.A.

A professora Mônica e a sua turma preferida. O diabinho do Phylipe não saiu na foto. Até tenho a foto dele, mas estou com preguiça de procurar.

 Teatrinho a Vapor

 

PROFESSORA MÔNICA – Docente de uma escola pública municipal do Cujupe, cidade de Alcântara. Trabalha com Língua Portuguesa na turma do 6º Ano.

GABRIEL PHYLIPE Aluno da turma do 6º Ano. É tido por todos como um aluno com TDAH, mas na verdade o que se sabe é que o cérebro do diabinho é elétrico. Trabalha sempre ligado no 220.

ALUNOS E ALUNAS

Cenário: Sala de aula da turma do 6º Ano.

A cena passa-se em 2024.

 

PRÓLOGO: A professora Mônica está dando aulas de verbos, explicando que muitas vezes a palavra é um substantivo, não um verbo. Deu um exemplo de Canto, que pode ser o verbo cantar – EU CANTO – ou o substantivo – O CANTO. Foi nesse momento que os neurônios do diabinho entraram em ação...

 

GABRIEL PHYLIPE (Levantando a mão, mas, antes que a professora o autorizasse, ele já foi perguntando.) – Professora, qual a diferença entre CALÇA e BOTA? 

 PROFESSORA MÔNICA (Parando um pouco para pensar.) – Phylipe, só espero que não seja mais uma gracinha! Por que, se for, eu vou tirar dois pontos teus.

GABRIEL PHYLIPE Não, senhora. É sério. É da aula. Eu juro.

PROFESSORA MÔNICAAh!... As duas palavras são substantivos, mas podem ser verbos: CALÇAR e BOTAR.

GABRIEL PHYLIPE Não, senhora! Não é isso.

PROFESSORA MÔNICAO que é então?

GABRIEL PHYLIPE É que a calça a gente bota...

PROFESSORA MÔNICA (Curiosa.) – E a bota?

GABRIEL PHYLIPE (Com riso cínico no canto da boca.) A gente calça!

 

(A turma toda desabrocha em risos.)

 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

GUERRA SOCIAL

Dino de Alcântara

 

Teatrinho a Vapor  

 

@LUHETERO22 – Perfil do Instagram

@MARCOS13 – Perfil do Instagram

 

Cenário: Instagram

 

A cena passa-se em 1º abril de 2025.

 

PRÓLOGO: Depois das fortes chuvas que caíram em São Luís, o Rio Paciência perdeu a paciência de tanto esperar que o Governo do Estado do Maranhão retirasse o monte de entulho deixado pela construção civil e transbordou com gosto. Nenhum carro, por maior que fosse, conseguia passar. Carros, ônibus, caminhões e motos parados, aguardando a água deixá-los passar. E nada. Nas redes sociais, os perfis ficaram abarrotados de postagens e comentários. No Perfil @Ilha.Rebelde, um vídeo de 30 segundos mostrava o alagamento com milhares de veículos parados.

@LUHETERO22 (Comentando a postagem.) – A desgraça desse governo não faz nada pra limpar isso aqui. É água, xixita!

@MARCOS13@LUHETERO22 Não reclama, caralho. Tu era um dos que gritavam na Litorânea no carnaval de Brandão. Agora chora, papai... 

@LUHETERO22 @MARCOS13 Fui, e daí, meu irmão? Tu não foi, problema teu, qualhira! Tu calado é um poeta!

@MARCOS13@LUHETERO22 Pois é... é problema meu, teu e de todos que estão aqui parados. Se o governo não gastasse essa grana toda em shows milionários, sobraria dinheiro para arrumar esta e outras estradas deste pobre Maranhão. Mas não tem dinheiro porque precisa dar show para gente como você...


@LUHETERO22 @MARCOS13 Ah, vai te lascar, seu merdinha.

@MARCOS13@LUHETERO22 Eu e tu...

QUALIFICAÇÃO PÓS-MODERNA

              Dino de Alcântara                                                    Micro CONTO (ou será miniconto?) Há tempos o gerente da...