Aluísio de Alcântara
Salão nobre da AML. Fim de tarde, ainda poucos acadêmicos para a reunião daquela quinta-feira de outubro de 19... Dois intelectuais conversavam sobre o poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa. Um deles tinha ouvido Bandeira Tribuzi ler essa poesia na famosa Movelaria Guanabara nos anos 40. O outro disse que era um poema perfeito!
Estavam nessa discussão, quando adentra o recinto o imortal conhecido por alguns por Zé Bilontra, nome tomado de empréstimo de uma das obras de Arthur Azevedo. Essa alcunha quem havia dado era Zé Vintém, que assinava uns epigramas no jornal O Globo.
Ao saber que estavam tratando de poesia, pediu para recitarem e, depois, perguntou de quem eram esses versos bem rimados.
INTELECTUAL 1 – Então não conhece? É de Fernando Pessoa?
ZÉ BILONTRA – Sim, sim! Conheço muito!
INTELECTUAL 2 – Depois de Camões é o maior poeta de Portugal!
ZÉ BILONTRA – É. Pode ser.
INTELECTUAL 1 – Seus heterônimos são criações de um gênio!
ZÉ BILONTRA – Hétero o quê?
INTELECTUAL 1 – Heterônimo, isto é, um nome fictício que um poeta usa como sendo o autor de sua obra.
ZÉ BILONTRA – Ah, sim. Conheço bem.
INTELECTUAL 2 – Então conhece Fernando Pessoa mesmo?
ZÉ BILONTRA – Muito. Eu o conheci muito em Codó, quando viajava para Caxias pelo Itapecuru.
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