segunda-feira, 16 de junho de 2025

OS PECADORES E SEUS PECADOS

Dino de Alcântara


Conto-anedota
   
 
Desde aquela fatídica noite de quinta-feira, na Pensão da Dona Cotinha, no Portinho, em que havia conhecido Do Carmo, vinda das brenhas de Buriticupu, Felipe andava de esguelha em casa, com medo de descobrirem o “pecado”.

Felipe de Paulo fazendo uma vizitinha à Pensão  da D. Cotinha, no Portinho - Imagem feita com auxílio de IA


Quando ia urinar, caminhava até longe de casa, entrando no bananal, para ninguém perceber o seu gemido diante da dor. Estava com formigamento, expelindo pus sempre que esvaziava a bexiga. Com receio, sem o conhecimento medicinal necessário, ia levando esse tormento até quando Deus quisesse.

Felipe sofrendo ao esvaziar a bexiga - Imagem feita com auxílio de IA


Assim, na festa de Zuza, no Sete de Setembro, ainda estava com a “bicha no corpo”. Depois de uns goles de Cerma, enfrentava o sacrifício de aliviar-se perto de uma touceira de banana cacau. Percebendo o “mal” do amigo, Moscote saiu atrás de Felipe. Mal este puxava o cinto e abria o riri da calça, começava o suplício. Moscote chegou mais perto e deu sinais de que também se aliviaria. Olhando o amigo, indagou:

MOSCOTE – Como é, Filipe? Tá acagibado aí?

FELIPE – Siô, desde que pulei numa pequena em São Luís, estou assim. Botando pus toda hora.

MOSCOTE – Eu sei o que é isso. Sinto dor sempre. Estou com hemorroida doida. Toda vez que vou no mato, é aquela aflição. Não sai pus, mas sai sangue aqui atrás. O bicho dói que só.

FELIPE (Apontando para o pênis) – É, meu velho, cada um paga o seu pecado por onde pecou!
Cena final -  Imagem feita com auxílio de IA




2 comentários:

  1. é fascinante como o autor trabalha com essas expressões regionais: " “acagibado” , “siô”, tudo isso em um texto que mesmo curto marca muito bem a cor local Maranhense, sem falar na elaboração do riso, a tirada do Felipe para o Mascote é excelente. Estou adorado conhecer esse trabalho!

    ResponderExcluir

QUALIFICAÇÃO PÓS-MODERNA

              Dino de Alcântara                                                    Micro CONTO (ou será miniconto?) Há tempos o gerente da...