Dino de Alcântara
Porta de uma padaria famosa do Renascença. Ao abrir a porta do seu carro, o desembargador aposentado Gomes Torreão, já quase setentão, mas com os neurônios mandando aviso de que não tinha ainda completado os sessenta, dá de cara com três jovens: um rapaz e duas meninas que fariam rivalidade com as mais belas musas dos poetas do Século XIX.
Olhou para as duas garotas – na casa de seus 19, 20 anos – e depois para um flanelinha, já mais para lá do que para cá – em termos de idade.
– Olha – disse-lhe o flanelinha –, o que me falta é dinheiro, porque coragem eu tenho de sobra.
Torreão entrou na onda:
– O que esse cara tem que nós não temos?
– A juventude.
Meio triste, o magistrado foi obrigado a concordar com o seu interlocutor.
– Mas ele pode ser apenas o arroz! – avaliou o guardador de carros.
– Arroz?
– Sim. Só o acompanhante!
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