segunda-feira, 15 de abril de 2024

O ACOMPANHANTE


  

Dino de Alcântara

Porta de uma padaria famosa do Renascença. Ao abrir a porta do seu carro, o desembargador aposentado Gomes Torreão, já quase setentão, mas com os neurônios mandando aviso de que não tinha ainda completado os sessenta,  dá de cara com três jovens: um rapaz e duas meninas que fariam rivalidade com as mais belas musas dos poetas do Século XIX.

Olhou para as duas garotas – na casa de seus 19, 20 anos – e depois para um flanelinha, já mais para lá do que para cá – em termos de idade.

– Olha – disse-lhe o flanelinha –, o que me falta é dinheiro, porque coragem eu tenho de sobra.

Torreão entrou na onda:

– O que esse cara tem que nós não temos?

– A juventude.

Meio triste, o magistrado foi obrigado a concordar com o seu interlocutor.

– Mas ele pode ser apenas o arroz! – avaliou o guardador de carros.

– Arroz?

– Sim. Só o acompanhante!

 

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