segunda-feira, 2 de setembro de 2024

A LEI É DURA

 Dino de Alcântara 

 Teatrinho a Vapor



PROFESSOR PAULO – Desembargador e Docente do Curso de Direito da UFMA

MAURINHO – Discente do Curso de Direito da UFMA

Alunos do Curso de Direito da UFMA

Cenário: Sala de Aula do Curso de Direito, CCSo, UFMA.

A cena passa-se em agosto de 2024.

Vários alunos estão à espera do docente, que se atrasou um pouco. Um deles vai até o quadro e, com um pincel vermelho, coloca a seguinte frase: DURA LEX, SED LEX.

 

PROFESSOR PAULO (Entrando na sala e dando de cara com a frase.) – Gostei da frase! É isso aí! A Lei é Dura, mas é a Lei.

MAURINHO – Professor, essa é uma frase de uma justiça ideal, a que todos nós brasileiros sonhamos ter algum dia.

PROFESSOR PAULO – Mas nós já temos.

MAURINHO – Onde? Em que tribunal? em que cidade brasileira?

PROFESSOR PAULO – Ora, ora...

MAURINHO – Veja o que aconteceu com o terrorista que matou a esposa índia... Ele já tinha praticado um feminicídio e estava livre, leve e solto. Que justiça dura é essa que solta um assassino que matou a própria esposa?

PROFESSOR PAULO – Esses casos são exceção, precisa ver o processo.

MAURINHO – Não são, professor... Por isso é que a frase latina deveria ser... (E dirigiu-se ao quadro, apagando o enunciado e colocando outro, talvez numa clara alusão ao escândalo de venda de sentenças no TJ Maranhão.)

LEX MOLLIS SED LEX NOSTRA

PROFESSOR PAULO (Incisivo.) – O que significa?

MAURINHO – A lei é mole, mas é a nossa lei!

PROFESSOR PAULO (Talvez pensando o mesmo que o aluno Maurinho.) – Nossa como?

Um aluno (percebendo que o assunto renderia uns atritos.) – Esquece, professor. Maurinho é de esquerda radical! Dê sua aula, mestre!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

QUALIFICAÇÃO PÓS-MODERNA

              Dino de Alcântara                                                    Micro CONTO (ou será miniconto?) Há tempos o gerente da...