segunda-feira, 18 de agosto de 2025

UMA ESMOLINHA PARA UM POBREZINHO

 

Dino de Alcântara

CONTO-ANEDOTA

 

Terça-Feira Gorda de Carnaval de 1957 em São Luís. Baile de máscaras no Cassino Maranhense.

Já com uns bons goles de uma batida de maracujá, Dona Anica, viúva rica, com vários pretendentes batendo à sua porta e levando um não na cara, dança ao som de “Ei, você aí /Me dá um dinheiro aí”, já bem alegre, quando chega ao ouvido um sussurro em forma de pedido. Era o comerciante Antunes que suplicava uma esmolinha.

– Pode-se suplicar uma esmolinha...

Ela, parando a dança...

– Que esmolinha, senhor?

– Um beijo neste pobrezinho que anda com tanta fome...

Dona Anica, com um riso malicioso, que ela adorava, segredou-lhe:

 

– Já dei muita esmola hoje aos meus pobrezinhos...

E voltou a dançar, já com outra marchinha sendo tocada pela orquestra do Mestre Gervásio:

“Ó, abre alas, que eu quero passar...”

 

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

E QUEM SERIA MEU MESTRE?

 Dino de Alcântara 

Teatrinho a Vapor

 

NICARDO – Escritor e poeta maranhense. Tem uma característica que a muitos assusta: é extremamente vaidoso quanto ao intelecto. Ri de muitos poetas maranhenses a quem chama de poeteiros, por não saberem escrever "nada de valor literário". Chega até a assustar as pessoas por tanta vaidade intelectual. 

IMORTAL DA AML – Trata-se de um membro da Academia Maranhense de Letras que costuma ver em quase todos os conterrâneos um poeta em potencial. É dado a modernismos, indicando aqui e ali alguma tecnologia para parecer bem na foto junto aos mais jovens. É bastante convencido.

Cenário: Salão Nobre da AML.

A cena passa-se em 2023.

 

PRÓLOGO: Nicardo está sentado na fileira da frente, lendo uns poemas de As Flores do Mal, quando o Imortal da AML desce até a plateia e aperta a mão de Nicardo, curioso que está por ver um jovem com um livro não mão, e não com um celular, vendo vídeos ou mensagens. Após saber que o jovem escreve poesias, embora ainda não tenha publicado livros, faz uma proposta...

IMORTAL DA AML (Olhando bem nos olhos do jovem poeta, que se levanta.) Por que você não faz um curso de escrita criativa? Poderia te ajudar muito...

NICARDO (Usando a voz mais grave que consegue pronunciar.) – E quem seriam os meus mestres?

IMORTAL DA AML Mestres? Quem daria o curso?....

NICARDO (Com um risinho debochado.) – Sim. Um Goethe? Um Proust? Um Mallarmé? Um Baudelaire? Um Joice?




UMA ESMOLINHA PARA UM POBREZINHO

  Dino de Alcântara CONTO-ANEDOTA   Terça-Feira Gorda de Carnaval de 1957 em S...