Dino de Alcântara
CONTO-ANEDOTA
– Então, seu Zé Preá... – quis saber o delegado. – De novo por aqui?
– Pois é, delegado.
– E o que o senhor roubou desta vez?
– Eu não roubei nada, não, senhor.
– Mas não foi o que me disseram...
– O senhor não sabe que achado não é roubado?...
– E o que o senhor achou desta vez? – Indagou o delegado, com um risinho no canto da boca.
– Uma corda... já velha. Não tinha muita serventia. Estava lá na Campina do Jacruá. Soltinha no capim.
– Sei...
– Aí eu peguei e trouxe pra casa.
– E não tinha dono?
– Como, se estava solta? Quer dizer, não estava amarrada em nenhuma árvore...
– Tá bem...
– Posso ir pra casa, doutor?
– Foi só a corda mesmo que o senhor pegou para levar pra casa?
– Estou lhe dizendo...
– Então, está livre! Mas... cuidado... Se roubar até uma cuia, eu boto no xadrez.
– Siô, a corda estava solta...
O delegado ficou matutando melhor:
– E essa corda não tinha nada?
Zé Preá foi ganhando a rua, com um risinho canalha:
– Tinha uma vaca na outra ponta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário