segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O LADRÃO

 

Dino de Alcântara

CONTO-ANEDOTA

– Então, seu Zé Preá... – quis saber o delegado. – De novo por aqui?

– Pois é, delegado.

– E o que o senhor roubou desta vez?

– Eu não roubei nada, não, senhor.

– Mas não foi o que me disseram... 

– O senhor não sabe que achado não é roubado?...

– E o que o senhor achou desta vez? – Indagou o delegado, com um risinho no canto da boca.

– Uma corda... já velha. Não tinha muita serventia. Estava lá na Campina do Jacruá. Soltinha no capim.

– Sei...

– Aí eu peguei e trouxe pra casa.

– E não tinha dono?

– Como, se estava solta? Quer dizer, não estava amarrada em nenhuma árvore...

– Tá bem...

– Posso ir pra casa, doutor?

– Foi só a corda mesmo que o senhor pegou para levar pra casa?

– Estou lhe dizendo...

– Então, está livre! Mas... cuidado... Se roubar até uma cuia, eu boto no xadrez.

– Siô, a corda estava solta...

O delegado ficou matutando melhor:

– E essa corda não tinha nada?

Zé Preá foi ganhando a rua, com um risinho canalha:

– Tinha uma vaca na outra ponta.


 


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