segunda-feira, 19 de maio de 2025

O INVEJOSO É UM SAPO

Dino de Alcântara

 

Teatrinho a Vapor

 


Dr. GERVÁSIO – Advogado e Professor de Direito do CEUMA. É conhecido pelas tiradas com que diverte os colegas na sala dos professores. Acredita ser muito bem sucedido e, por isso, acredita ser invejado por muitos de seus colegas.

Dr. CAIO – Advogado e professor também.

Prof. MARCELO – Docente de Língua Portuguesa do mesmo curso.

 

Cenário: Sala dos professores do CEUMA.

A cena passa-se em 2014.

 

Prólogo: Dr. Gervásio está tomando um cafezinho com os colegas, que lhe dizem sobre um pecado capital que abunda no Maranhão: a inveja.

 

 

Dr. CAIO – (Sorrindo.) – Mas será que ainda existe esse tipo de pecador no Maranhão?

Dr. GERVÁSIO – E isso entra em extinção em algum lugar?

Dr. CAIO – (Rindo.) – É mesmo!

Dr. GERVÁSIO (Depois de uma pausa.) – O invejoso é como um sapo.

Prof. MARCELO – Como um sapo?

Dr. CAIO – Como assim?

Dr. GERVÁSIO – Já explico.

Prof. MARCELO – Quero saber, também.

Dr. GERVÁSIO – O invejoso tem quatro coisas do batráquio.

Dr. CAIO – Que coisas, mestre?!

Dr. GERVÁSIO – Vejam:  o invejoso tem olhos grandes, assim como o sapo... para cobiçar as coisas dos outros.

Prof. MARCELO – Realmente.

Dr. GERVÁSIO – O invejoso tem a boca grande, para querer abocanhar até aquilo que não consegue engolir. O sapo também.

Prof. MARCELO – A terceira...

Dr. GERVÁSIO – Tem a língua grande!

(Nesse momento, o horário marca às 19h. Todos se prepararam para ir para as salas de aula. O Dr. Caio pergunta ao Dr. Gervásio, que já vai caminhando para a porta.)

Dr. CAIO – Ei, Mestre: Falta uma. Eram quatro. Você só disse três.

Dr. GERVÁSIO (Já da porta, aumentando mais o tom da voz, chamando a atenção de muitos outros professores.) – E vive com o cu na lama!...

segunda-feira, 12 de maio de 2025

A IDADE EM DOBRO

 Dino de Alcântara

 

   Já iam a quase três meses de namoro, a Lenita, com seus 42 anos, mas parecendo 25, e o Januário, com 22, mas... parecendo 22 mesmo, quando a mãe da menina, preocupada com a grande diferença de idade entre eles, chamou a filha para uma conversa reservada.

E foi direta, já que a situação exigia essa postura:

– Minha filha, me diga uma coisa...

– O que, mamãe?

– Esse rapaz já sabe da tua verdadeira idade?

– De uma banda, sim...

 

segunda-feira, 5 de maio de 2025

UMA MULHER TOP

 Aluísio de Alcântara

 

MINICONTO

Há muitos educadores nesta cidade que defendem a ideia de que os alunos não só devem ler textos literários, mas também aprender a fazer. E não são poucos que insistem para que os alunos criem contos, poemas – dizem que até sonetos! – e outros artefatos literários.

Até uma academia de Letras de São Luís – e são muitas, viu?! – partiu para transformar alunos do Ensino Fundamental e do Médio em pequenos poetas.

Uma dessas escolas escolhidas foi o Centro de Ensino Anjo da Guarda. Escolhidos os alunos para a bendita oficina de criação literária, mãos à obra, digo, caneta e papel na mão. É hora de criar versos, meus queridos. 

Dizem que até o nome de Zé Sarney apareceu nos versos, mas foi trocado, pois, para rimar com LEI, tem muitos vocábulos: ESFOLEI, VACILEI, etc. Parece que os oficineiros tiveram êxito!

                                          

* * * 

Ao adentrar a sala de aula da Turma 107, da tal escola, a professora Sônia é recebida pelo aluno Bigu, que, com uma folha de caderno na mão,desfere, à queima roupa, a leitura de uma quadrinha – para todos ouvirem: 

– Professora, escute, senhora. Eu que fiz:


 

 

segunda-feira, 28 de abril de 2025

LEITURA TRANSVIADA

 Dino de Alcântara

 Teatrinho a Vapor

 


CONCITA – Professora da Escola Roseana Sarney.

DIEGO Aluno da primeira série do Ensino Médio.

KAROL – Aluna da primeira série do Ensino Médio.

 

Cenário: Sala de Aula Turma 101 da Escola Roseana Sarney. 

A cena passa-se em maio de 2024.

 

PRÓLOGO: A professora Concita (Conceição de Maria, mas todos a chamavam de Concita) dava aulas de Língua Portuguesa na Turma 101, falando sobre prefixos e sufixos que formam vocábulos derivados na língua de Zé Sarney. Uma das alunas, a Karol, detectou uma imagem no livro didático a expressão JUVENTUDE TRANSVIADA. E quis saber o que era TRANSVIADA.

 

KAROL –Professora, em JUVENTUDE TRANSVIADA, temos dois exemplos de palavras derivadas, não é?

CONCITA – Sim! Muito bem, Karol. Agora me diga... O que é transviada? É derivação prefixal ou sufixal?

(Diego, que na hora estava com os olhos grudados no vídeo de uma menina dançando numa sala de aula, levantou a cabeça e, diante da demora de Karol em dar a resposta, desferiu.)

DIEGO O que, pequena, tu não sabe o que é transviada?

CONCITA – Você sabe o que é, Diego?

DIEGO Sei. 

CONCITA – Então me diga o que é?

DIEGO Transviada é o viado que virou trans. 

                                      Imagem criada com auxílio da IA.

 

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A FACADA DE UM CRIMINOSO

  Dino de Alcântara

 O sujeito pega o celular e faz uma chamada de WhatsApp.

Alguém atende:

 – Alô?

– Doutor Mendes!

– Oi, Mário.

– Preciso do senhor.

– O que foi que aconteceu?

– Doutor, eu dei uma facada num cachorro!

– O que, rapaz? Você está louco? Dá uma facada num cachorro?

– Foi o jeito!

– Agora vai direto para Pedrinhas!


– Oh, siô, não diga isso!

– Mas é...

– Minha mãe disse para eu ir pra Pinheiro, passar uns dias lá.

– Não vai adiantar nada. Vão te achar e prender.

– Mas só até acabar o flagrante.

– Que flagrante nada! Para facada em cachorro não tem flagrante!

– E é? Não sabia!

– E como está o cachorro!

– Levaram ele pro Socorrão. Foi pouca coisa!

– Socorrão?! Como assim?

 

– Pois é... Não sei direito!

– Alguém filmou?

– Se filmou, não sei, mas muita gente viu!

– Então você está numa baita encrenca, meu filho!

– Mas, siô eu não matei ninguém!

– Mas feriu um animal! Isso é crime!

– Mas já já ele volta a trabalhar!

– Trabalhar?

– Pois é.

– Meu filho, de quem você está falando?

– Do homem que eu dei a facada!

– Ah, foi num homem?

– Foi. Em quem o senhor pensava?

– Num cão!

– Não, siô. E eu lá ia dar uma facada num animal? Que nada! Dei foi num ordinário aqui do bairro.

– Ah!... Então a coisa muda de figura!

– E aí, como se faz?

– Faz o seguinte! Fuja do flagrante! Vamos entrar com a legítima defesa! 


 

 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

O QUE SE CALÇA?

 Dino de Alcântara 

Imagem criada com auxílio da I.A.

A professora Mônica e a sua turma preferida. O diabinho do Phylipe não saiu na foto. Até tenho a foto dele, mas estou com preguiça de procurar.

 Teatrinho a Vapor

 

PROFESSORA MÔNICA – Docente de uma escola pública municipal do Cujupe, cidade de Alcântara. Trabalha com Língua Portuguesa na turma do 6º Ano.

GABRIEL PHYLIPE Aluno da turma do 6º Ano. É tido por todos como um aluno com TDAH, mas na verdade o que se sabe é que o cérebro do diabinho é elétrico. Trabalha sempre ligado no 220.

ALUNOS E ALUNAS

Cenário: Sala de aula da turma do 6º Ano.

A cena passa-se em 2024.

 

PRÓLOGO: A professora Mônica está dando aulas de verbos, explicando que muitas vezes a palavra é um substantivo, não um verbo. Deu um exemplo de Canto, que pode ser o verbo cantar – EU CANTO – ou o substantivo – O CANTO. Foi nesse momento que os neurônios do diabinho entraram em ação...

 

GABRIEL PHYLIPE (Levantando a mão, mas, antes que a professora o autorizasse, ele já foi perguntando.) – Professora, qual a diferença entre CALÇA e BOTA? 

 PROFESSORA MÔNICA (Parando um pouco para pensar.) – Phylipe, só espero que não seja mais uma gracinha! Por que, se for, eu vou tirar dois pontos teus.

GABRIEL PHYLIPE Não, senhora. É sério. É da aula. Eu juro.

PROFESSORA MÔNICAAh!... As duas palavras são substantivos, mas podem ser verbos: CALÇAR e BOTAR.

GABRIEL PHYLIPE Não, senhora! Não é isso.

PROFESSORA MÔNICAO que é então?

GABRIEL PHYLIPE É que a calça a gente bota...

PROFESSORA MÔNICA (Curiosa.) – E a bota?

GABRIEL PHYLIPE (Com riso cínico no canto da boca.) A gente calça!

 

(A turma toda desabrocha em risos.)

 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

GUERRA SOCIAL

Dino de Alcântara

 

Teatrinho a Vapor  

 

@LUHETERO22 – Perfil do Instagram

@MARCOS13 – Perfil do Instagram

 

Cenário: Instagram

 

A cena passa-se em 1º abril de 2025.

 

PRÓLOGO: Depois das fortes chuvas que caíram em São Luís, o Rio Paciência perdeu a paciência de tanto esperar que o Governo do Estado do Maranhão retirasse o monte de entulho deixado pela construção civil e transbordou com gosto. Nenhum carro, por maior que fosse, conseguia passar. Carros, ônibus, caminhões e motos parados, aguardando a água deixá-los passar. E nada. Nas redes sociais, os perfis ficaram abarrotados de postagens e comentários. No Perfil @Ilha.Rebelde, um vídeo de 30 segundos mostrava o alagamento com milhares de veículos parados.

@LUHETERO22 (Comentando a postagem.) – A desgraça desse governo não faz nada pra limpar isso aqui. É água, xixita!

@MARCOS13@LUHETERO22 Não reclama, caralho. Tu era um dos que gritavam na Litorânea no carnaval de Brandão. Agora chora, papai... 

@LUHETERO22 @MARCOS13 Fui, e daí, meu irmão? Tu não foi, problema teu, qualhira! Tu calado é um poeta!

@MARCOS13@LUHETERO22 Pois é... é problema meu, teu e de todos que estão aqui parados. Se o governo não gastasse essa grana toda em shows milionários, sobraria dinheiro para arrumar esta e outras estradas deste pobre Maranhão. Mas não tem dinheiro porque precisa dar show para gente como você...


@LUHETERO22 @MARCOS13 Ah, vai te lascar, seu merdinha.

@MARCOS13@LUHETERO22 Eu e tu...

PELO SIM, PELO NÃO....

  Dino de Alcântara  CONTO-ANEDOTA   Não se sabe com precisão como no Maranhão as clínicas de depilação (sim... até nas partes íntimas) ...