Dino de Alcântara
O ano era 1907. Rua São Pantaleão. No quarto, marido e mulher dormem. Madrugada de uma noite chuvosa. De repente, o homem acorda com a mulher falando enquanto dormia. Em seguida, grita, quase acordando os vizinhos. Ele imaginou tratar-se de um pesadelo, porque ela parecia estar se contorcendo na cama, além de quase ficar sem fôlego, levantando os braços.
Ele, então, decide chamá-la:
– Lurdinha, Lurdinha!
Ao acordar e olhar o marido sentado na cama, ela, furiosa, pergunta por que ele havia feito isso.
– Isso o quê?
– Ter me acordado.
– Estavas tendo um pesadelo.
– Que pesadelo, nada! Estava cantando numa ópera no Teatro São Luís. E eu era a prima-dona!
– Numa ópera?!
– Pois, sim. E tu me acordaste! E olhas que até o governador Benedito Leite estava no teatro!
– Então eu te livrei de uma boa!
– De quê?
– De uma estrondosa vaia da plateia!
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