Foi assim que chamou o seu chefe de gabinete e lhe orientou o seguinte: falar com o ministro da Educação e lhe pedir que construísse uma obra no município maranhense de... (o nome não será mencionado porque, segundo dizem as más línguas da Baixada Maranhense, continua em segredo de justiça) cujo prefeito tinha sido (e era ainda) um grande correligionário seu, ajudando, e muito, na corrida ao Palácio dos Leões.
De ordens em ordens, chegou ao Delegado do MEC no Maranhão, que falou diretamente com o governador Cafeteira, que deu ordens expressas para que fizessem uma boa escola no município, coisa de primeiro mundo.
Parece – mas não se pode provar – que foi do próprio delegado do MEC a ideia: como o nome do prefeito homenageado era Hegino, se faria uma escola em formato de H, para eternizar o nome daquele que tinha dado um grande auxílio ao ilustre pinheirense.
A obra foi executada, como pediu o delegado, sem que o prefeito soubesse dos detalhes da planta. Só deveria saber no dia da inauguração, pois tratava-se de uma surpresa e surpresa não se conta antes.
Tudo foi feito conforme determinação do delegado. Os recursos vieram diretamente do Ministério da Educação, sendo executadas pelo governo do Estado do Maranhão.
No dia da inauguração, Sarney não pôde, como era de esperar, comparecer, mas, representando o grande chefe da nação estava ele, o delegado do ministério, além do secretário de Educação do Estado do Maranhão, deputados, autoridades locais e estaduais, etc.
Chamado a discursar, o Delegado do MEC disse que fizeram a escola em formato de H, como podiam reparar, para eternizar o nome do grande político no colégio. Assim, o H de Hegino se confundiria com o H de honra, de honradez, etc.
Ao que o prefeito, com cara de espanto, tentou falar ao ouvido do orador, que não lhe ouviu nada, pois continuou falando.
Duas, três vezes, o prefeito tentou explicar algo ao orador, mas ele parecia em êxtase no discurso, não lhe ouvindo nada.
Até que o prefeito falou bem alto:
– Doutor, eu me chamo Egino. É com E. Não tem H, siô.
Pálido, parecendo não acreditar naquilo, o delegado ficou pensando. Como um cidadão desse se chama Egino e não Hegino. Quem foi o cabra que fez um diabo desse, registrando-o sem o H? Ora essa.... Agora será com H. Não tem jeito.
Depois de uma parada para um bom gole d’água, pegou o microfone e desferiu:
– A escola tá em forma de H, H de homem, porque aqui se tem um homem com H maiúsculo, um grande homem.
As palmas estrondaram junto aos gritos de vivas ao prefeito.
Com um risinho tímido, o prefeito Egino, 1,48 de altura, já contando com o salto do seu 752 da Vulcabrás, também bateu palmas...
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