Dino de Alcântara
É capaz de Neres pular nesse texto pensando se tratar de um algum miniconto estilo Airton Souza ou Bioque Mesito. Nada. Passará longe. Trata-se de um quase defunto, que, felizmente não foi dessa que foi carregado para o Cajueirinho do Cujupe.
Vamos ao fato e deixemos a vida de Bioque com seus poemas e Airton Souza com seus garimpeiros em Serra Pelada fazendo saliência...
Aconteceu em meados dos anos 70 ou 80... Agora não me lembro, porque me contaram, e eu não gravei... coisas da idade.
Diz-que que um caboco de nome Moscote estava numa fraqueza que só. Nem se levantava mais da rede. O penico já ficava ali perto, porque não conseguia ir até o quintal aliviar a bexiga. Deram de tudo para ele, até chá de cana-da-índia, e o homem não melhorava. Foi aí que Zé Preá veio com a solução, que tinha botado Benedito Rato bonzinho de uma maleita braba. Era tomar leite materno. Era tiro e queda.
Boca de Sapo foi o encarregado de ir atrás. Achou a comadre Tereza, com os peitos, que a natureza lhe dera, capaz de fazer qualquer mulher dos Estados Unidos morrer de inveja.
Comadre Tereza chegou. Moscote só aí foi saber do que se tratava. Abriu bem os olhos para mirar direito.
Trouxeram uma colher daquelas de mexer canjica. Comadre Tereza arriou a alça do vestido, tirou o corpete e botou o seio esquerdo para fora. Até Cento-e-Trinta que estava perto do jirau veio para perto... para espiar.
A cada puxada, o leite espirrava longe. Via-se que a comadre não tinha muita prática. Nunca havia doado leite dessa forma. Uma gota caía dentro da colher e o restante fora. Até dentro do olho de Moscote chegou a cair.
Moscote passou a mão no olho, mirou bem no peito da comadre e soltou esta frase, que entrou para os anais histórico-anedotários de Alcântara:
– Assim num vai... eu morro e num bebo nadinha. Não é melhor botar direto na boca, como se faz com criança?