segunda-feira, 2 de junho de 2025

UM BRINDE À "POLÍTICA" MARANHENSE

 Dino de Alcântara

 Teatrinho a Vapor

Imagem criada com auxílio da I.A.


DEPUTADO FULGÊNCIO – Membro do Partido Social Cristão

DEPUTADO CURIÓ – Membro do Partido Republicano Maranhense

DEPUTADO MARCOLINO – Membro do Partido Social Democrático

 

Cenário: Jardim do Palácio dos Leões.

A cena passa-se em dezembro de 19...

 

PRÓLOGO: Jantar de confraternização do Governador e da bancada governista da Assembleia Legislativa. Após o jantar, os deputados mais chegados ao Governador permanecem ainda no palácio, saboreando umas delícias que o chefe do executivo estadual havia mandado preparar especialmente para a ocasião. Até um bom licor de Jenipapo, feito por Bazilha, do Cujupe, estava sobre a mesa do barzinho. Os deputados de uma legislatura tranquila, com dois gatos pingados resmungando e berrando de quando em vez pela oposição, deixam de lado a política e passam a tratar da vida alheia. Entram num tema delicado: o comportamento das mulheres dos excelentíssimos políticos do Maranhão.

 

DEPUTADO CURIÓ (Tomando o nobre colega Deputado Fulgêncio pelo braço e o levando para os jardins do Palácio, já perto da muralha com a vista para a foz do Rio Anil.) – Mas, então, deputado... Dizem as más do Maranhão que metade da assembleia já rondou o terreiro do Deputado Cutrim...

DEPUTADO FULGÊNCIO (Rindo.) – Metade, não... Mas sei de uns três deputados que até se deitaram na cama do casal.

DEPUTADO MARCOLINO – (Que havia acompanhado os dois.) – Sério isso?

DEPUTADO FULGÊNCIO – Estou te falando.

DEPUTADO CURIÓ – E a mulher do Deputado Juquinha?

DEPUTADO MARCOLINO – Ela não, pelo amor de Deus. Parece uma santa.

DEPUTADO FULGÊNCIO – Ah... Vocês começaram agora na vida pública do Maranhão. Essa até o governador já passou o rodo.

DEPUTADO MARCOLINO – Não brinca.

DEPUTADO FULGÊNCIO – Sim.

DEPUTADO MARCOLINO – E a Mulher do Secretário da Casa Civil.

DEPUTADO FULGÊNCIO – Essa só gosta de militar. Anda saindo com um coronel da Polícia.

DEPUTADO MARCOLINO – Olha... Por essa eu botava a minha mão no fogo.

DEPUTADO FULGÊNCIO (Com um risinho safado.) – Pois ia queimar toda.

DEPUTADO CURIÓ – E a Dona Eulália, mulher do presidente da Assembleia?

DEPUTADO FULGÊNCIO (Mudando a expressão do rosto) – Essa não é osso para andar em boca de cachorro. Alto lá!

DEPUTADO CURIÓ – Como assim?

DEPUTADO FULGÊNCIO – Dona Eulália é mulher de respeito. Não é de bandalheira. É bom os senhores não falarem no nome dessa santa.

DEPUTADO CURIÓ – Tá bom.

DEPUTADO MARCOLINO – Desculpa, deputado.

DEPUTADO FULGÊNCIO – Estão desculpados.

DEPUTADO CURIÓ – Mas... só mais uma coisinha...

DEPUTADO FULGÊNCIO – O quê?

DEPUTADO CURIÓ – Ela nunca saiu com ninguém, depois que se casou?

DEPUTADO FULGÊNCIO – Estou falando... ela não é de bandalheira. Ela é fiel ao marido. (E, num rasgo de sinceridade.) E a mim, que sou seu amante.




 

 

Um comentário:

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