segunda-feira, 6 de maio de 2024

FAZER MAL - OU BEM?

 Dino de Alcântara

 

Naquela manhã de agosto de 1952, diante do delegado Delvete, em Alcântara, Dona Concita, esbravejava, ao lado da filha, a Josefina, contra Feliciano, no dizer dela, um larápio da pior espécie.

Diante das perguntas do Delegado, Dona Concita contou ela mesma, sem deixar que a filha narrasse, toda a situação envolvendo a desgraça que o larápio havia praticado contra a menina dentro do bananal de Zuza.

Estando na sala do Delegado, o padre Toinho, ouvia atentamente a narrativa, ora com um benza-te Deus, ora com um ar de susto.

Lá pelas tantas, depois de ouvir do delegado que ele intimaria o caboco para que viesse prestar depoimento, a mãe disse que havia ainda coisa pior:

O padre, assustado, tomou a dianteira, e perguntou o que era.

– Esse disgramado emprenhou minha filha.

O padre arregalou os olhos!

– Quer dizer... foi muito mal feito o que ele fez.

O padre Toinho, sem conter um riso cínico no canto da boca:

– Minha senhora, desculpa. Mas... não foi mal feito, senão ela não tinha emprenhado!

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