Dino de Alcântara
Teatrinho a Vapor
Zé Caranguejo com Curau (à esquerda) e Zé Baiacu (de camisa branca) tomando uns grodes.
ZÉ CARANGUEJO – Estivador do Cais da Sagração, homem forte, solteiro, mesmo já tendo seus 40 anos bem vividos, no porto, nos barcos, nas alvarengas, nos botequins do Desterro e da Madre Deus, na zona, etc.
ZÉ BAIACU – Pequeno comerciante da Madre Deus, que adorava uma conversa com os fregueses.
CURAU – Estivador, como Zé Caranguejo, bebedor de cachaça, vinho, jurubeba e mais o que aparecesse.
Cenário: Quitanda de Zé Baiacu na Madre Deus.
A cena passa-se em 1968.
ZÉ CARANGUEJO (Levando o copo de jurubeba com gosto à boca.) – Uma hora dessa, em vez de estar aqui com esse chifrudo (aponta para Curau.), era para estar com minha morena.
CURAU (Curioso.) – Que morena, doido?
ZÉ CARANGUEJO – Então não conhece a Helena, filha do Coronel Vieira?
ZÉ BAIACU – Helena? Que história é essa, Zé Caranguejo?
ZÉ CARANGUEJO – Sim, pois digo... Era pra me casar com ela, se a família toda não tivesse sido contra?
CURAU – Pera aí... Tu ia casar com ela, com aquela belezura?
ZÉ CARANGUEJO – Tô te falando.
ZÉ BAIACU – Essa é boa! Nunca soube disso.
ZÉ CARANGUEJO – É porque eu não gosto de contar.
ZÉ BAIACU – Mas me diz uma coisa...
ZÉ CARANGUEJO – Até duas...
ZÉ BAIACU – E ela? O que disse?
ZÉ CARANGUEJO – Ela? Ela sempre foi contra.
ZÉ BAIACU – Contra o quê?
ZÉ CARANGUEJO – Contra o nosso casamento.
ZÉ BAIACU – Mas tu não disse que a família toda é que era contra?
ZÉ CARANGUEJO – Eu disse que a família toda era contra, e ela também, pois não é da família, seus leprosos?...
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