Dino de Alcântara
Ainda estava mastigando um hambúrguer com um copo de refrigerante, quando o Soldado Farias recebeu um áudio do comandante do seu batalhão da Polícia Militar.
Ao ouvir o tal áudio, que dava ordens de investigação e captura do criminoso que havia praticado o horrendo estupro de uma mulher perto da Praça das Rosas, ficou furioso.
Nem terminou o hambúrguer, afastou-se um pouco do trailer de lanches, localizado no Bairro Curupira, e ligou para o comandante.
– Fala, meu soldado...
– Comandante... Como vai, meu chefe?
– Farias, tu precisa entrar em ação rápido. O governador quer aquele estuprador preso o mais rápido possível. O crime, como tu sabe, ganhou repercussão até no Jornal Nacional.
– Eu sei. Eu até vi as imagens. Sei quem é o monstro.
– Então, vai ser mais fácil...
– Fácil seria...
– Como assim, porra?
– Comandante, me desculpa a franqueza... mas eu fiz um esforço dos diabos, tive até que bater em nego para prender aquele desgraçado, não te lembra?
– Sim...
– Pois é... E era também por estupro. E o que aconteceu na audiência de custódia?
– Sim, eu sei.
– O teu amigo juiz, aquele filho de uma égua, mandou soltar aquele verme, mesmo sabendo que ele tinha estuprado aquela moça da Escola Normal.
– Mas agora ele vai ser preso.
– Pode ser, mas eu não vou prender mais não. Mande outro. Ou melhor: mande o juiz prender. Aliás... eu, se fosse o governador, mandava botar na mídia o nome do juiz e tudo mais, como cúmplice. Deve até ter levado uma graninha para liberar o criminoso...
– Tu está é doido!... Farias?
.....
– Farias?
.....
Farias estava terminando o hambúrguer.
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