Dino
de Alcântara
Teatrinho
a Vapor
Imagem criada com auxílio da I.A.
DEPUTADO FULGÊNCIO – Membro
do Partido Social Cristão
DEPUTADO CURIÓ – Membro do
Partido Republicano Maranhense
DEPUTADO MARCOLINO – Membro
do Partido Social Democrático
Cenário: Jardim do Palácio
dos Leões.
A cena passa-se em dezembro de 19...
PRÓLOGO: Jantar de
confraternização do Governador e da bancada governista da Assembleia
Legislativa. Após o jantar, os deputados mais chegados ao Governador permanecem
ainda no palácio, saboreando umas delícias que o chefe do executivo estadual
havia mandado preparar especialmente para a ocasião. Até um bom licor de
Jenipapo, feito por Bazilha, do Cujupe, estava sobre a mesa do barzinho. Os deputados
de uma legislatura tranquila, com dois gatos pingados resmungando e berrando de
quando em vez pela oposição, deixam de lado a política e passam a tratar da
vida alheia. Entram num tema delicado: o comportamento das mulheres dos
excelentíssimos políticos do Maranhão.
DEPUTADO CURIÓ (Tomando o
nobre colega Deputado Fulgêncio pelo braço e o levando para os jardins do
Palácio, já perto da muralha com a vista para a foz do Rio Anil.) – Mas,
então, deputado... Dizem as más do Maranhão que metade da assembleia já rondou o
terreiro do Deputado Cutrim...
DEPUTADO FULGÊNCIO (Rindo.) –
Metade, não... Mas sei de uns três deputados que até se deitaram na cama do
casal.
DEPUTADO MARCOLINO – (Que
havia acompanhado os dois.) – Sério isso?
DEPUTADO FULGÊNCIO – Estou te
falando.
DEPUTADO CURIÓ – E a mulher
do Deputado Juquinha?
DEPUTADO MARCOLINO – Ela não,
pelo amor de Deus. Parece uma santa.
DEPUTADO FULGÊNCIO – Ah...
Vocês começaram agora na vida pública do Maranhão. Essa até o governador já
passou o rodo.
DEPUTADO MARCOLINO – Não
brinca.
DEPUTADO FULGÊNCIO – Sim.
DEPUTADO MARCOLINO – E a
Mulher do Secretário da Casa Civil.
DEPUTADO FULGÊNCIO – Essa só
gosta de militar. Anda saindo com um coronel da Polícia.
DEPUTADO MARCOLINO – Olha...
Por essa eu botava a minha mão no fogo.
DEPUTADO FULGÊNCIO (Com um
risinho safado.) – Pois ia queimar toda.
DEPUTADO CURIÓ – E a Dona
Eulália, mulher do presidente da Assembleia?
DEPUTADO FULGÊNCIO (Mudando a
expressão do rosto) – Essa não é osso para andar em boca de cachorro. Alto lá!
DEPUTADO CURIÓ – Como assim?
DEPUTADO FULGÊNCIO – Dona
Eulália é mulher de respeito. Não é de bandalheira. É bom os senhores não
falarem no nome dessa santa.
DEPUTADO CURIÓ – Tá bom.
DEPUTADO MARCOLINO – Desculpa,
deputado.
DEPUTADO FULGÊNCIO – Estão
desculpados.
DEPUTADO CURIÓ – Mas... só
mais uma coisinha...
DEPUTADO FULGÊNCIO – O quê?
DEPUTADO CURIÓ – Ela nunca
saiu com ninguém, depois que se casou?
DEPUTADO FULGÊNCIO – Estou
falando... ela não é de bandalheira. Ela é fiel ao marido. (E, num rasgo de
sinceridade.) E a mim, que sou seu amante.