Dino de Alcântara
CONTO-ANEDOTA
Sobrado da senhora Diortina, viúva, no Largo do Desterro, idos de 1940. É tarde de um dia quente de outubro.
Ela, mulher na casa dos 70, bem avançados, com umas marcas de demência, a que muitos chamavam de caduquice, manda o chofer do sobrado ir à Casa Arruda, ali no Largo do Carmo, comprar meio quilo de gelo para botar num refresco de maracujá, com o qual receberia duas amigas de longas datas, que há tempos não a visitavam.
– Senhora, além do gelo, mais alguma coisa pra aviar?
– Não, Justino. Só meio quilo de gelo.
E, antes que ele saísse porta a fora:
– Pede pra botar bem pesado e do mais gelado que tiver.
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