segunda-feira, 28 de julho de 2025

MENTE GELADA

 Dino de Alcântara

 CONTO-ANEDOTA 

 

  Sobrado da senhora Diortina, viúva, no Largo do Desterro, idos de 1940. É tarde de um dia quente de outubro.

  Ela, mulher na casa dos 70, bem avançados, com umas marcas de demência, a que muitos chamavam de caduquice, manda o chofer do sobrado ir à Casa Arruda, ali no Largo do Carmo, comprar meio quilo de gelo para botar num refresco de maracujá, com o qual receberia duas amigas de longas datas, que há tempos não a visitavam.

  Ele, que se acostumara a ir mais de uma vez a um lugar, porque a patroa esquecera algum produto:

  – Senhora, além do gelo, mais alguma coisa pra aviar?

  – Não, Justino. Só meio quilo de gelo.

   E, antes que ele saísse porta a fora:

  – Pede pra botar bem pesado e do mais gelado que tiver.

 

 

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