Dino de Alcântara
Conversa animada na casa do coronel Egídio Siqueira, na Praça da Alegria - com um jogo de baralho e um bom vinho de além-mar. O assunto é variado. Ora é a vida alheia que serve de pasto para os abelhudos, com o anfitrião dando risadas soltas, até o clero e a política maranhense, que apanham mais que cachorro sem dono nas feiras da cidade.
Lá pelas tantas, já com umas boas doses de vinho do Porto, Dona Leocádia, casada com seu Manuel, português já na casa dos 80, que vivia acamado, pergunta aos presentes:
– O que me dizem das mulheres de hoje? São comportadas?
Muitos não entendem:
– O quê?
– Digo: se são fiéis aos seus maridos ou... vocês sabem... (e ri-se.)
Todos riem, como se quisessem declarar o contrário.
A esposa do coronel Egídio, também com os olhos acesos, depois de uns bons grodes do afamado vinho, solta:
– Dona Leocádia, tirando minha mãe, que é uma santa, e aquelas velhotas beatas do Carmo, que nem um corajoso quer, onde vamos encontrar esse animal? Está quase extinta essa espécie...
E, diante de um marido sisudo, que não se sabe se entendeu ou não a fala da esposa, riu-se numa gargalhada, que até quem passava na praça pôde ouvir.
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