Dino de Alcântara
Uma anedota publicada no rodapé do Jornal do Povo rendeu muitos comentários no Café Caravelas, no afamado Largo do Carmo. O doutor Línio Braga jurava que o editor do matutino não apurara bem os fatos, publicando uma “asneira” como aquela. Por seu turno, o jornalista Mané Pereira disse que a anedota podia ser comprovada, porque ouvira do desembargador Teotônio Neves essa história.
Entrando no recinto o padre Julinho, a curiosidade falou mais alto. O sacerdote quis saber logo do que se tratava. Por que estavam com aquela questão. A princípio, não quiserem contar, mas, sem muita vergonha, Mané Pereira se levantou:
– Sente-se, padre Julinho.
Ele sentou-se. Pediu um café com leite e pão com manteiga.
– Diga, meu filho, do que se trata.
– Padre, a questão é que o doutor Línio Braga disse que Noronha nunca ia dizer uma asneira dessa.
– Que asneira?
– Então não leu o Jornal do Povo?
– Li, mas só algumas matérias. O que tem?
– Uma anedota de rodapé.
– Que anedota, meu filho! E eu vou ler uma besteira dessas? Estava pensando que era coisa séria!
– Então o seu padre vai desculpando.
– Estão desculpados, mas me conte logo o que era.
– Diz que Noronha estava na sala do escritório, quando chegou a secretária com um bilhete de um parente dele, lá do Pará, dizendo que não viria mais a São Luís porque estava depauperado.
– O quê, meu filho?!
– Depauperado. Isso estava no bilhete.
– Sei. Continua.
– Aí a secretária perguntou a Noronha o que era depauperado – que é descapitalizado, sem dinheiro, liso, entendeu?
– Meu filho, eu estudei latim no seminário. Eu sei o que é. Mas e aí? O que Noronha respondeu!
– Respondeu que o sujeito estava operado de fimose.
Nessa hora, até quem estava na Garapeira de Guará ouviu a gargalhada do padre Julinho.
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