segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

EU COM...FIO

 Dino de Alcântara

 Teatrinho a Vapor

 

SEBASTIÃO – O noivo. Homem na casa dos 70 anos, é mulherengo mais que a média dos homens héteros de Alcântara. É lavrador já aposentado, da roça, não dos prazeres da vida. Está com uma roupa emprestada de um pastor. Parece um evangélico da Assembleia de Deus. Vive com Justina há mais de 45 anos.

JUSTINA – A noiva. Mulher na casa dos 60 anos, lavradora aposentada. Tem um senso de humor muito bom. Poderia facilmente se tornar uma cordelista ou uma repentista. Está usando um vestido branco também emprestado. Como a costureira precisou fazer uns ajustes, a roupa, pelo pouco tempo e, talvez, pela pouca perícia, ficou com muitos fios à mostra.

Dr. LINO – O juiz Homem de costumes revolucionários sobre a atuação do magistrado, mas com comportamentos conservadores no que diz respeito ao casamento.

Cenário: Câmara Municipal de Alcântara.

 

Época: Século XXI.

 

Prólogo: Casamento comunitário. Três juízes celebram a união civil de mais de 40 casais de Alcântara. O Doutor Lino, diante do casal Sebastião e Justina, ao invés de perguntar se eles aceitavam o cônjuge como seu legítimo marido e mulher, pediu que repetissem um enunciado: Eu confio.

 

Dr. LINO – Senhor Sebastião, o senhor confia na sua mulher como sua eterna companheira, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença?

SEBASTIÃO – Eu confio.

Dr. LINO – Senhora Justina, a senhora confia no seu marido como seu eterno companheiro, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença?

JUSTINA – (Com um risinho malicioso, piscando o olho esquerdo ao marido.) Eu... com... fio.

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